terça-feira, 18 de março de 2008

Respirando o Sertão

Há 4 dias que estou vivendo, sentindo, respirando intensamente o sertão do Araripe. Vim a trabalho com o Programa Mãe Coruja Pernambucana, participar de reuniões com prefeitos, secretários, movimentos sociais, organizações não governamentais, trabalhadores da saúde.

É um desejo, uma vontade, uma esperança de ver a “vida” sendo respeitada na sua plenitude por todos. Trago comigo pessoas que acreditam na simplicidade das suas estradas e vão me ensinando outros caminhos.

Mas, é aqui no meio de tanta adversidade, dos simples, do sertanejo , do sertão, de suas paisagens que vou mudando o meu olhar, o meu pensar e principalmente o meu caminhar.
Tenho encontrado crianças seminuas, barrigudinhas, encatarradas com sorrisos lindos, convivendo com a natureza, numa intimidade sem fim. Me ensinam que vida e morte são duas coisas lindas, que encontros são especiais e que não ter nada significa dar tudo.
Tenho pensado no quanto somos autoritários na saúde, no quanto somos invasivos, no quanto não sabemos nada e fingimos ser deuses. No quanto desrespeitamos as nossas culturas, no quanto somos escravos e silenciamos.

É aqui neste lugar, cercada de crianças, de vida e morte, de cactus, palmas, mandacarus que sinto força e energia para nascer.

Vou trilhando a minha estrada, acreditando na vida, nas pessoas e principalmente no amor. Olhando as pedras e seguindo o caminho

Encontrando em cada canto a beleza e a pureza das crianças, que vão me ensinando por onde devo seguir

Com os mais simples, descubro o verdadeiro valor da vida, do cuidado e do amor

Mas, é aqui no meio destas crianças vivas e mortas, sinto que começo a nascer. Aqui aprendo uma lição. Repenso a minha vida, a minha profissão, as minhas atitudes e começo a nascer...

Faço perguntas: será o trabalho infantil ou um aprendiz de agricultor?

E assim vou fazendo o meu batismo


Bebeth, Ouricuri, 13/3/2008

Nenhum comentário: